2007-05-28

Mosteiro de Arouca


Atrai-nos o doce das castanhas de ovos e das cornucópias melosas, provamos os diversos licores que os monges produzem como representativo de uma procissão de deleite. Compramos sabonetes de glicerina que a Irmã trouxe do Mosteiro de Armenteira e mel da região. Bisbilhotamos, mexemos, provamos, questionamos as tradições dos sabores e saberes da Ordem de Cister. Disputamos justificações sobre as vivências no Mosteiro, no Mosteiro de Arouca, e empreendemos a viagem pela cozinha, pela botica e pelos claustros.
As plantas aromáticas e uma magnólia rosa confundem-me os odores, fintam-me as sensações entre o silêncio e a ordem que se subentende no Mosteiro e a frincha que se abre ao público e ao comércio. No regresso, anseio pelo programa cultural que gostaria de empreender pelos outros Mosteiros: Santa Maria das Júnias, Alcobaça, Cós, Lorvão, Salzedas, Armenteira, …
Verto os desejos de voltar em cada gotícula que cai no vidro embaciado do carro. Observo, ainda, a imponência branca do Mosteiro e a imperturbabilidade da cidade. Arco-me de serenidade no retorno e só anseio pelo banho de imersão com o sabonete de lavanda.

2007-05-24

De regresso...

É veemente a energia de tanto querer falar… Os vocábulos metamorfoseiam-se em frases, inflamam-se em textos e em expressões avivadas. A crisálida da narrativa teve, nos últimos tempos, períodos difíceis. Esta fase mais não foi do que uma prova centrada, desconcertada, deprimida pela constatação de uma ileteracia tecnológica à qual tenho preguiça de fazer frente. Através desta sinto-me excluída e longe de um circuito que se foi impondo, que me pertence e me atulha de satisfação.
Este silêncio avisou-me, mais uma vez, para a constatação do prazer indescritível da escrita.