2009-01-15

Fôlego…Sem fôlego.

Ofegante. Ofegante.
Por estes dias, por estes meses, nem os raios de sol nem os passos difíceis do tango são suficientes para conter o sentimento de incredulidade e de descrença. Por estes dias, por estes meses, confronto-me com a aspereza crua da morte. A morte de quem é próximo a quem quero bem.
Conheço, ainda, um sentimento de ferocidade e de irritação perante o defeito de compromisso, de lealdade e saboreio, sem tempo e sem catarse, o gosto da desilusão.
Nestes dias, demorados e pardos, dedico-me com concentração ao desemprego, à falta de condições, à pobreza e à exclusão. E isso, tudo isso, me desconcentra, me culpa e me empobrece dos gozos vivenciais: as alfaces que nascem nos vasos, a lareira a arder, a doce companhia de um doce companheiro, as caminhadas por fazer, o gatinhar do Gabriel, a Júlia sentada dentro da barriga da mãe, o Rodrigo a descobrir a velocidade das ventoinhas, as barrigas das minhas amigas a crescer, os lanches ao final da tarde, os planos para as viagens, as “Brandas” por fazer, as conversas sem termo, as noites dançantes, os jantares no Sardão, os filmes, as exposições, as fotografias...