Dou-te os meus pés
E com eles descreverás adornos, e ganchos, e contornos. Irás circunscrever, com batidas mais ou menos fortes, os teus rodeios e neles acharei formas novas de me movimentar, de existir, de me relacionar.
Dos meus pés, aceita essa bússola em como te seguirei e em como estarei alinhada. Conectada. Colada, a ler o teu corpo e a tuas indicações. Do que dizem quando a "posição do ombro", da mão fechada sobre a minha, da presença da mão aberta nas minhas costas. E a minha mão, também a segurar-te, enquanto me seguro a ti e te dou em absoluto a minha presença silenciosa e alerta. Consciente.
Dos teus pés, sinto que preciso travar esse ímpeto de querer ser eu a indicar caminho. E assim,
Dou-te os pés para que, com eles, possas coreografar novos arranjos de movimentos e aprimorar o meu sentido de entrega.
Créditos: E. Jasmim
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