2016-04-20

Pó de carvão

Como me cubro? Como enfrento a rua? É só avançar até a padaria! Espero... Não paragens, comentários, silêncios e bocas em suspiro.
Suspiro-te com raiva... por cá fiquei, e tu no elevador cavernoso. Só, e ainda, frio.
A neve a chegar e, quando vier, como acenderei a estufa? Como buscarei lenha? Como  acenderei o fogão para aquecer água? Ainda a água a ferver. A mesma água que é preciso levar para a banheira do pequeno. Como me cubro em noite fria? A sirene volta a tocar e chama outros homens. Persistente, mordaz, insatisfeita. E tu, num elevador. Enjaulado, animalizado.
É só subir, subir até a padaria.
Seria só subir até a superfície, para respirares. Eu, cá estaria com água quente no fogão. Aqueci-a com a lenha que trouxe do monte dos castanheiros. Não sozinha. O pequeno comigo, no peito com o lenço de flanela.
Aqui estaria para te refrescar do carvão. E, com esse pó me cobriria na felicidade de te cuidar.

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