2007-12-26

Caixas

Arrumo a vida em caixas. Alinho-as, empilho-as, encho-as de mim, de objectos e de vivências. A casa fica diferente como se aos poucos me desvinculasse, me esquecesse, me libertasse e me arrumasse, também, na desordem emocional que por vezes sinto.
Fica tudo empilhado e, em alguns pensamentos, questiono como seria se do seu conteúdo me libertasse. Se abrisse a janela, na noite de passagem do ano, poderia verter o peso de papéis, de livros e de pastas. Poderia deixar voar os anos de acumulações. Ficaria a memória dos livros, permaneceria a vivência que não carece de papéis, quedaria a música que me acompanha no silêncio. Ficaria eu.
Porém, empilho as caixas com medo que a memória me guilhotine o passado. Reúno e lacro as caixas com medo que a janela aberta esvoace o que sou e o que fui. Arrumo. Acumulo. Lacro. Monto caixas. Arrumo. Acumulo. Lacro.
Seguir-se-á depois a manobra de reorganização, interna por certo, e que se faz acompanhar da reestruturação das gavetas, dos armários e das prateleiras. Com ela volto a remexer as cartas, as anotações, os escritos e, por isso, volto a posicionar-me naquilo que esqueço e na certeza de que é nessa exploração que conheço o meu processo de crescimento.

5 Comentários:

Blogger Major Tom disse...

menina, tu já cresceste só de escrever este post! ;)

3:44 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

é maravilhoso acompanhar esse teu crescimento...

beijinhos enormes recheados de saudades

seara

6:48 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Falaste com o Anjo do Desapego.

8:31 da tarde  
Blogger petroy disse...

a mudança tb acarreta agradáveis surpresas :)

10:52 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

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3:26 da tarde  

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