2006-10-28

Na impossibilidade de adormecer…


Não adormeço. Ouço os barulhos da cidade: a recolha do lixo, um barulho longínquo que julgo, ainda, de algum movimento na VCI, gatos e cães em alvoroço. O prédio está em silêncio. A casa em silêncio. Apenas o meu coração me ensurdece. Continua agitado e impede que sinta como confortável a almofada, até o abraço feito almofada. Deixo o tempo passar e negoceio minutos que não dormirei e que se traduzirão, amanhã, em minutos de sofrimento por necessitar de estar acordada. Amanhã, forçar-me-ei desperta, atenta, disponível para a inevitabilidade da agenda. Hoje, continuo a pensar nos sapatos para dançar, na carta que não escrevi, do correio electrónico que não li, das mensagens que não enviei, nesta nova pastilha elástica que acabo de provar, na entrevista que mal preparei, nas milongas que irão chegar, nos gravadores de voz que não agradeci, nas amêijoas em Lagos e na ida, inevitável, aos balcões da Segurança Social.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

permite-me aconchegar o teu desassossego... quando a impossibilidade te for possível...
su

12:39 da tarde  

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