2006-09-23

Canto e lamentação na cidade ocupada


Com ternura, insone, canto.
Com simples flores de angústias,
canto.
Em termos de revolta, crise, sonho,
ergo, à mesa do café vazio e enorme,
meu sonho de viagem sem regresso.
Para enganar a solidão, o medo,
digo palavras, música, esperança.

Canto porque estou vivo e amarrado
à condição de ser fiel e agreste.
Porque em vão nos destroem a memória
com máquinas, rodízios, honorários.
(…)
Canto para saber que vale a pena
ter voz, músculos, nervos, coração.
À mesa do café, nas ruas, canto.
Nos jardins, nos estádios, sofro e canto.
No quarto abandonado, sonho e canto.
Nos pequenos cinemas, rio e canto.
Entre teus braços doces, choro e canto.

(Daniel Filipe, in A invenção do amor e outros poemas)

3 Comentários:

Blogger Pierrot disse...

Foto soberba.
Penso ser da Sé, ou pelo menos uma perspectiva dela.
Quanto ao texto...um mimo.
Não conhecia confesso.
Um canto...
Um pranto...
Um desencanto...
Minha'alma não chega a tanto!

Mas um canto...
Qual encanto...
Que desafia ao avanço...
De um olhar onde para sempre me descanço!

Bjos e abraços daqui
Eugénio

3:22 da tarde  
Blogger Venus as a boy disse...

wrong answer! É da Torre dos Clérigos. ;)

10:11 da manhã  
Blogger oplanetadaju disse...

sim, é da torres dos Clérigos.um olhar sobre o CPF. foi tirada na primeira vez que subi a torre com os meus pais num fim de semana muito significativo.
um abraço,

7:58 da tarde  

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