2008-09-09

Doce, doce... Amiga, doce, doce.




Aterrámos e as galinhas afastam-se...
S. Tomé, os miúdos, os miúdos pequenos negociantes e os miúdos aspirantes a guias turísticos recebem-nos com urgência. Há sempre meninos que nos acompanham com serenidade, candura e com uma humildade desconcertante.
A humidade cola-se à roupa e descolo-me numa inicial desolação que se destila, algumas vezes, em lágrimas. As crianças caminham descalças, carregam fruta-pão e grandes jacas à cabeça, tomam banho nas ribeiras enquanto as mães lavam a roupa e a estendem depois nas pedras e nas bermas dos caminhos. Os mais pequenos adormecem nas costas das mulheres – mães, mulheres – amigas ou irmãs mais velhas. As crianças parecem pertencer a todos e em simultâneo serem independentes e só dependerem realmente dos coqueiros, dos caroceiros, das mangueiras e do mar que os alimenta.
Nadam livremente e improvisam canoas com troncos amarrados. Ensaiam, a brincar, a vida no mar, nas pirogas feitas de ocâ e na pesca. Pescam com paus, apanham búzios da terra que assam alinhadamente como espetada e vendem banana assada na estrada. Constróem carros e bicicletas de madeira, dançam kuduro e brincam ao foguetão: pegam fogo a capim dentro de um lata sem fundo e correm girando sobre eles próprios até as labaredas surgirem. Pedem doces ou material para a escola e correm energicamente atrás dos carros como se fosse uma labareda de crianças. E é esta a imagem que arde docemente, docemente em fogo de inquietude.

3 Comentários:

Blogger Major Tom disse...

que bonito. também quero ser um menino de são tomé!

7:34 da tarde  
Blogger Venus as a boy disse...

como é bom ler-te!

7:38 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Thanks :)
--
http://www.miriadafilms.ru/ приобрести фильмы
для сайта planetaju.blogspot.com

7:35 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial