2007-06-28

A ferver...

Aguardo pacientemente a menina do Expresso. Fiz café de “cafeteira” como a minha avó e a minha mãe fazem. Sinto o aroma distrair-se pela casa, distender-se, aromatizar-me. Sinto-me, pois, segura.
Ela chegará com máquina fotográfica e papel em punho. Julgo que a querer outras palavras e a querer registar mais uma história numa amostra de tantos outros que no final do mês passam recibo, recibo verde.
Trouxe a minha caderneta de recibos. Está protegida num invólucro de plástico. Não quero que as páginas se dobrem, se estraguem e sujem. Guardo-a como se fosse isto que garantisse uma maior segurança profissional. Mesmo sabendo que este preciosismo não me permitirá amparar-me, guardo e protejo-a. A caderneta apresenta um rosto tão imaculado como se a acidez, as incongruências, o desânimo dos dias não tivessem passado por ela.
Ela estará a chegar... Uma das senhoras da limpeza dos condomínios lava as escadas com a abundância de água que não podemos desperdiçar. Torna tudo asseado e elegante como se adivinhasse a sua chegada. Como quem pressente a vinda do compasso pascal. Como desejaria que este compasso que se aglomera, que se envolve em inciativas em catadupa pudesse anunciar uma nova verdade. Como desejaria que este ritmado produzisse consequências efectivas e práticas na vida das pessoas. Decidi, pois, cooperar e expor o que sinto. O café já ferve. E eu aguardo pacientemente. Esta é, talvez, uma das capacidades que adquiri ao fim de alguns anos profissionais: a ferver pacientemente em lume brando

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Senti, delicada e calmamente, com a calma que diária e constantemente me foge das mãos, a ânsia, pacientemente fervilhante, que corria nas veias de Aqua di Ju à espera, certamente, de mais uma longa e preenchida página na sua vida, cheia de histórias suas e dos outros, histórias vividas, profundamente sentidas e que vale a pena compartilhar...
Absorvi o inigualável aroma a café transportado pela beleza e simplicidade das suas palavras. Por momentos, lembrei-me das receitas que só as avós fazem... do café feito no pote, dos bolos, dos folares, dos canelões... destes maravilhosos doces, feitos em forno de lenha, que são trazidos da aldeia.
Como o tempo passa... decorridos quase 80 anos, e as mãos das avós, enrugadas, calejadas, envelhecidas pelo tempo e pelo árduo trabalho de toda uma vida, continuam a moldar, com a parca força dos seus braços e das suas mãos, os pequenos mimos que gostam de dar e partilhar com os seus.
Retorno ao planeta Ju. Verifico, novamente, o fervilhar da sua calma, o nervosismo contido nas suas palavras...
Fico, ansiosamente, a aguardar por mais uma bela página da sua vida, desta feita, com a consequência prática e efectiva da sua vivência após o momento em que compartilhou o café com alguém que, certamente, poderá ajudar a complementar, ainda mais, a beleza, a sabedoria e o profissionalismo que já preenche todo o seu planeta.

5:04 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

olá joana. o hugo esteve aqui...

12:25 da manhã  

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