2006-12-07

Apertos

Deixo-me ver o tempo passar. Atropelo-me e deixo um vestígio de dor por falta de escrita. Os pensamentos queimam-me e deito-me sobre eles com a violência do cansaço. Recuso-me a escrever rápido só porque quero este espaço activo. Mas ele é também um fiel depositário das mesclas de angústia e de júbilo. Deixei de registar apertos diários: a morte do Mário Cesariny, a pena capital da equipa das Tercigirls, a impiedosa chuva, as dores inexplicáveis de uma amiga, a falta de actualização do novo dicionário do meu afilhado, o hotel da Boavista fechado e sem amigos a jantar, a planta que morreu no dia em que ma ofertaram.
Este trilho excedeu, conjuntamente, em mim sentimentos inquietantes de sorrisos: a partilha do programa dos cães danados, o mar que vejo numa nesga da auto – estrada todos os dias quando vou para o trabalho, o desafio para a escrita do artigo, o jantar na Flor dos Congregados, a descoberta dos seis homens e três mulheres com quem partilho um gabinete em que chove, o fim de semana que se aproxima com as amigas de infância, o chá e abraços ao deitar e o tango. Vicio-me no deslizar de sapatos, na relação intimista de quem se descobre no chão.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

um dia hei-de descobrir esse tango...

12:33 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Nenhuma palavra quer experimentar dizer. A escrita é demasiado tua para que alguém lhe toque. Percorrer este(s) espaço(s) de palavras é como passear num ADRO. O sagrado, está demasiado próximo...
Outra forma, porém não tive para dizer que li. Percorrer textos é aproximar-me de um colo. Pois.
Enfim, minha princesa, gosto muito de ti.

11:12 da tarde  
Blogger oplanetadaju disse...

:)
Que feliz estou! Volte,sempre. É muito bom senti-la por perto!

abraço enorme,

8:39 da tarde  

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